S. POPULARES | 2015

SANTOS POPULARES

Junho de 2015


SONETOS DO UNIVERSO


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PLANETA JOVEM

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SANTOS POPULARES – SANTO ANTÓNIO



 

OUVI-ME VÓS 

“No Dia de Santo António”


Vendo tão grande aridez
Nos homens de alma vazia
Frei António duma só vez
Fez jus à sabedoria.


Deixou praças foi ao mar
À praia os peixes chamou
E com um mágico pregar
Fez sermão qu´os encantou.

“Irmãos peixes, meus irmãos,
Tenho que vos confessar
Meus argumentos são vãos
Para os homens conquistar.

É tal a humana loucura
Que em todos já fez cegueira
E toda a reles criatura
Põe a Deus na prateleira.

Em cada dia que passa
Nos mais escassos momentos
Vemos um mundo sem graça
Rodeado de tormentos.

Todo o poder instaurado
Passa ao lado das verdades
Cada projecto engendrado
É uma feira de vaidades.

Para eles só há negócio,
Esquecem Deus o tempo inteiro,
Nem casamento nem divórcio
Só um Deus: o seu dinheiro.

Vós, porém, com toda a estima,
Viveis bem e tomais tino,
Sois de Deus a obra-prima
E conheceis o vosso destino.

Mas sois filhos da natureza,
Não vos podeis esquecer,
Que entre vós, com certeza,
O mesmo pode acontecer.

Os mais de vós sois pequenos,
Tendes migalhas e pouco mais,
Se não conheceis os terrenos
Sereis carne pr´os demais.

Quando temeis sois cardume
Fica-vos bem a união
Os maiorais têm ciúme
Puxando p´ra si a razão.

Vós, peixes, sempre quereis
Da vida tirar proveitos
Mas os fortes, como sabeis,
Tomam conta dos direitos.

Abri bem os vossos olhos
E refreai vossas escamas
Para escapar aos escolhos
E ao perigo das tramas.

E vós, ó peixes maiores,
Que vos julgais invencíveis
Destruí vossos horrores
Pois também sois perecíveis.

Para os oceanos bem fundos
Levai a vossa tirania
Perante os fracos sois imundos
E não julgueis ter valentia.

Há redes para os pequenos
E pr´os maiorais há arpões
Contai c´os humanos venenos
Que vos matam as ilusões.

Há mares baixos e estreitos
E há imensas maresias
Há sargaços e há defeitos
E ninguém vê serventias.

Peixes de todos os tamanhos,
Iguais mas sempre diferentes,
Não queirais por entre estranhos
Serdes comidos p´las gentes.

Não sei que mais vos direi
Apenas que sejais felizes
Convosco a Deus pedirei
Para vos livrar dos deslizes.

Acreditai nas esperanças
Dos mares azuis de bonança
E p´ra terdes águas mansas
Uni guelras sem tardança.

C´os homens nada a fazer
Pois qu´o bem já não os seduz
E, quanto ao como devem ser,
Preferem as trevas à luz.

Coitada da Natureza,
A terra, o mar e o ar,
O homem é uma tristeza
Vós, Peixes, sois d´encantar!”

Frassino Machado




SANTO ANTÓNIO


Santo António és bem popular
és padroeiro de Lisboa,
tens sempre os noivos para casar
e fazes tuas festas com sardinha e broa.


Depois dos noivos casados
a festa vai continuar,
os marchantes engalanados
pela a Avenida a desfilar.

Há festa e arraial, sardinha assada
com pão e vinho é bem regada
o caldo verde para aquecer.
as horas frias já de madrugada.

Joana R. Rodrigues





FESTAS POPULARES


Lá vai a graça cheia de graça e alegria
olha para quem passa toda vivaça
saudando suas amigas com mordomia,
saudosa e bonita, maravilhosa e giraça.

Lá vai a mouraria com sua voz e altivez
cantando e dançando com igual parceria
e vão marchando na sua vez,
haja arraial e muita alegria, na mouraria!

Lá vai Alfama sempre presunçosa
não tem limites nas suas cores
fresca e sempre viçosa é alegria dos amores
tem fama de ser a vaidade dos cantores.

Todos os bairros de Lisboa são lindos
nem todos vou enumerar,
para mim são todos bem-vindos
venham turistas ouvi-los cantar!

Temos Santo António Casamenteiro
uma referencia a não esquecer
faz parte de Lisboa e do Património,
A Festa dos Santos Populares venham ver.

Joana R. Rodrigues




SANTO ANTÓNIO


Santo António Padroeiro
Da nossa cidade Lisboa
Dos Santos és o primeiro
A festejar com sardinha e broa

És o Santo casamenteiro
Para quem não sabe eu explico
Substituis a flor de laranjeiro
Pelo perfumado manjerico

És o meu Santo popular
De Ti tenho total devoção
Com os bairros a marchar
E o cheiro das sardinhas no carvão

A Avenida da Liberdade é o teu lar
Onde se festeja toda a noite com alegria
Santo António és de todos o mais popular
Em todos os bairros desde a Graça à Mouraria

Paulo Gomes




PRECE A SANTO ANTÓNIO


Ó Santo António, meu santo devoto,
Dai-me luz pelo dia de hoje que sou;
Rogo-vos o dia de amanhã e o voto...
Pela vida de cristão que fui e ainda sou.

® RÓ MAR




QUADRAS 


Pela noite dentro há baile à canoa, 
Rio Tejo a par e par a namorar; 
De doze a treze de Junho é ver ao altar 
Santo António - o padroeiro de Lisboa. 

® RÓ MAR 




QUADRAS 


Ó rico Santo António de Lisboa 
Assa aí umas sardinhas pra toda a gente; 
Olha, não te esqueças de regar broa 
De azeite e do vinho pra nossa sede! 

® RÓ MAR




QUADRAS 


Vou até Lisboa pra ver o Santo António 
A passear pela Avenida da Liberdade; 
Levo cravo à lapela, sou campónio 
Que espera casamento de verdade! 

® RÓ MAR 



QUADRAS 


Às marchas de Lisboa espreita-se o hino 
E vê-se lá longe o nosso Portugal, 
Tempo em que o Santo António era menino, 
Povo casamenteiro e passional. 

® RÓ MAR 



QUADRAS 


Na noite de Santo António há alegria, 
Foguetes pelo ar, arraial e muita folia; 
Há febras, caldo verde e boa sardinha; 
Lisboa sai à rua em manjericos e sonha! 

® RÓ MAR 



QUADRAS


Ó meu Santo António traz-me um marido 
Que não ressone nem resmungue ao ouvido; 
Pró bem viver que seja trabalhador; 
À mesa e à cama amante d’um só amor. 

® RÓ MAR 



QUADRAS 


Ó Portugal que comes euros ao povo 
Dá cá um banco pró Santo António 
Apoiar as pobres gentes em desmaio; 
Pois, que haja esperança de novo! 

® RÓ MAR 



QUADRAS 


Pão, sardinha e vinho sobre as mesas 
O estendal de roupa branca às varandas, 
Alpendres repletos de cor e lâmpadas 
É Santo António às casas portuguesas. 

® RÓ MAR 

SANTOS POPULARES - SÃO JOÃO 


Festa de São João - Bairro das Fontainhas - Porto 


SÃO JOÃO DAS FONTAINHAS 


Desde a Ribeira até ao bairro das Fontainhas
Numa espontânea e popular demonstração
A alma portuense, convidando à animação, 
Escancara, na Festa da Invicta cidade, 
Manjericos, balões, alhos-porros e sardinhas
Num ambiente alegre de alta qualidade.

Não há rua, nem praça, nem largo, nem vielas
Que se não vistam das mais variadas cores,
Vendo-se, em todo o lado, bailaricos e amores,
E a Festa Joanina ganha, em seus emblemas,
Rosmaninhos e cravos suspensos das janelas,
Cheirando a ervas bentas, febras e alfazemas. 

Há sinfonia de tambores e de martelos
E, em mil abraços, num sorriso em cada rosto,
Agita-se a emoção nos corações singelos… 
E o Santo, nas cascatas, ouve com todo o gosto
Cantigas bem regadas com vinho e águas santas
Sem que ninguém se sinta estranho até-às-tantas! 

Frassino Machado 




ORVALHADA DE SÃO JOÃO 


Ó meu São João Batista 
Ó meu São João verdade 
Encontrei-te na Boavista
Lá p´ ro parque da Cidade. 

Fui p´ la Invicta a passear 
Em certa manhã imprevista 
Topei coisas de espantar, 
Ó meu São João Batista. 

Pelas ruas e passeios 
Fartei de ver sujidade, 
Deixemos os devaneios, 
Ó meu São João verdade. 

Latas, lixo e papelada, 
Casas de venda anarquista, 
Apanhando a orvalhada 
Encontrei-te na Boavista. 

Já bem perto do Castelo 
Senti muita ansiedade 
Vi-te a ir no desmazelo 
Lá p´ ro parque da Cidade. 

Nem sequer olhei o mar, 
Derivei p´ ra terra firme, 
Decidi ir descansar 
Naquele sossego sublime. 

Fitei a bela natureza 
E o bom sol a renascer 
Mas descobri tua tristeza 
Por nada poderes fazer. 

Ó meu São João garboso 
Que te diz esta orvalhada? 
P´ la Autarquia, desgostoso, 
Cá p´ ra nós, não vale nada! 

Frassino Machado 




SÃO JOÃO, PORTO & BRAGA, LDA. 

“Projecto para a conquista de Lisboa” 


Ó meu São João do Porto, 
Ó meu São João de Braga, 
Antes eu ficar todo torto 
Do que levar co´ uma fraga; 
Ó meu São João de Braga, 
Ó meu São João do Porto, 
Antes ir contigo à ilharga 
Do que sair meio morto. 

Ó meu São João das Antas, 
Ó meu São João da Ponte, 
Antes curtir até às tantas 
Do que perder o horizonte; 
Ó meu São João sempre Invicto, 
Ó meu São João quem dera, 
Antes comer carapau frito 
Do que continuar à espera. 

Ó meu S. João do Queijo, 
Ó meu São João Palhete, 
Antes comprar um desejo 
Do que fazer ramalhete; 
Ó meu São João Cristal, 
Ó meu São João pesadelo, 
Antes não ser pontual 
Do que levar c´ o martelo. 

Ó meu São João Bulhão, 
Ó meu São João d´ Aforro, 
Antes faltar algum pão 
Do que comprar alho porro; 
Ó meu São João Inércia, 
Ó meu São João Patranha, 
Antes ouvir controvérsia 
Do que cair n´ artimanha. 

Ó meu São João Tripeiro, 
Ó meu São João Fatela, 
Antes perder o dinheiro 
Do que comer na gamela; 
Ó meu São João Dragão, 
Ó meu São João Pedreira, 
Antes eu ser mandrião 
Do que ficar Jarreteira. 

Ó meu São João do Douro, 
Ó meu São João Minhoto, 
Antes cabeça de mouro 
Do que fingir ser devoto; 
Ó meu São João Fabrico, 
Ó meu São João Braguinha, 
Antes não ter manjerico 
Do que faltar a sardinha. 

Ó meu São João d´ Avenida, 
Ó meu São João d´ Arcada, 
Antes me desanque a vida 
Do que eu não valer nada; 
Ó meu São João da Foz, 
Ó meu São João Rodovia, 
Antes eu ficar sem a voz 
Do que me torcer de azia. 

Ó meu São João de Valbom, 
Ó meu São João d´ Enguardas, 
Antes eu nunca ser bom 
Do que brincar às fisgadas; 
Ó meu São João de Paranhos, 
Ó meu São João de Panóias, 
Antes eu nunca ter ganhos 
Do que sofrer de tramóias. 

Ó meu São João Amial, 
Ó meu São João Picoto, 
Antes não ver o bornal 
Do que passear todo roto; 
Ó meu São João de Francos, 
Ó meu São João Vicente, 
Antes andar de tamancos 
Do que à míngua da gente. 

Ó meu São João do Cerco, 
Ó meu São João Andorinhas, 
Antes mexer no esterco 
Do que abraçar alfacinhas; 
Ó meu São João Aleixo, 
Ó meu São João da Tecla, 
Antes andar em desleixo, 
Do que vestir alforreca. 

Ó meu São João da Ribeira, 
Ó meu São João da estóica, 
Antes ir na pasteleira 
Do que aturar esta Tróica; 
Ó meu São João Ramalde, 
Ó meu São João Falcões, 
Antes meter mão ao balde 
Do que negociar a feijões. 

Ó meu São João Campanhã, 
Ó meu São João Montélios, 
Antes ficar como está 
Do que andar nos fumélios; 
Ó meu São João Sucesso, 
Ó meu São João do Souto, 
Antes andar de travesso 
Do que apanhar perdigoto. 

Ó meu São João do Viso, 
Ó meu São João Fraião, 
Antes perder meu juízo 
Do que fazer contramão; 
Ó meu São João Pastor, 
Ó meu São João Areal, 
Antes não ires no andor 
Do que fazeres bacanal. 

Ó meu São João Carvalhido, 
Ó meu São João do Raio, 
Antes ser um foragido 
Do que cair em desmaio; 
Ó meu São João Salgueiros, 
Ó meu são João Agrolongo, 
Antes não ser dos primeiros 
Do que o nariz ficar longo. 

Ó meu São João Aldoar, 
Ó meu São João do Pulo, 
Antes aprender a poupar 
Do que eu fingir que sou chulo; 
Ó meu São João Lagarteiro, 
Ó meu São João velha Sé, 
Antes eu ser forasteiro 
Do que cheirar a chulé. 

Ó meu São João harmónio, 
Ó meu São João em festa, 
És melhor que Santo António 
E todo o resto não presta; 
Ó meu São João da Lapa, 
Ó meu São João de Amares, 
Antes namorares à socapa 
Do que fingires outros ares. 

Ó meu São João a valer, 
Ó meu São João talento, 
Antes te quero perder 
Do que ires parar a S. Bento; 
Ó meu São João finório, 
Ó meu São João vitamina, 
Antes não teres repertório 
Do que faltar concertina. 

Ó meu São João Bessa-Leite, 
Ó meu São João Sta. Cruz, 
Antes ficar sem enfeite 
Do que ter Jorge Jesus; 
Ó meu São João dos Clérigos, 
Ó meu São João S. Marcos, 
Antes perder co´ s galdéricos 
Do que andar pelos charcos. 

Ó meu São João Marquês, 
Ó meu São João Gualtar, 
Antes não seres português 
Do que faltares no altar; 
Ó meu São João Cedofeita, 
Ó meu São João Lamaçães, 
Antes uma vida desfeita 
Do que rodeado de cães. 

Ó meu São João Bonfim, 
Ó meu São João Nogueiró, 
Antes estares longe de mim 
Do que eu te ver meter dó; 
Ó meu São João d´ Aldoar, 
Ó meu São João Maximinos, 
Antes na terra a brincar 
Do que no céu dos meninos. 

Ó meu São João Trindade, 
Ó meu São João Palmeira, 
Antes foliares à vontade 
Do que estares à minha beira; 
Ó meu São João na berma, 
Ó meu São João vaivém, 
Antes tu seres palerma 
Do que ires para Belém. 

Ó meu São João, São João, 
Ó meu São João Porreiro, 
Antes não teres coração 
Do que ficares embusteiro; 
Ó meu São João à Frente, 
Ó meu São João em pessoa, 
Antes contrário à corrente 
Do que Fadista em Lisboa! 

Frassino Machado





GOTAS DE ORVALHO 


Pingam gotas de orvalho 
Na minha recordação 
Antes de ir para o trabalho 
Em manhã de São João. 

Vou para os meus afazeres 
Está abrindo a fresca aurora 
E a Senhora dos Prazeres 
Diz-me que já está na hora. 

A brisa sopra baixinho 
E o sol começa a espreitar 
Há um aroma de rosmaninho 
Que dá gosto ao caminhar. 

Oiço o canto da cotovia 
A dizer que o sol já nasce 
Tenho sede de energia 
E a minh´ alma até renasce. 

Foi-se já a madrugada 
No mais charmoso dos dias 
Vem-me ao rosto a orvalhada 
Ao toque das ave-marias. 

Vai chilreando o passaredo 
Sentindo as gotas do orvalho 
E do fresco arvoredo 
Corto um pequeno ramalho. 

Com ele deslizo no rosto 
Para espalhar a humidade 
E peço um desejo e um gosto 
Que o Santo faz-me a vontade. 

Ó Senhora dos Prazeres 
Não deixes o Santo dormir 
Cumpra ele os seus deveres 
E olhai por mim a sorrir. 

Meu oleandro encarnado 
Deposito nos teus pés 
Para que todo o meu fado 
Se acabe de uma só vez. 

E que estas gotas sagradas 
E mais estas margaridas 
Venham a ser transformadas 
Na mais gostosa das vidas! 

Frassino Machado 





VIVA O SÃO JOÃO 


Tu que me deixaste tanta saudade
nos meus tempos já distantes,
festas na aldeia, vila, ou cidade
hoje vejo tudo diferente,
já ninguém, e nada é como dantes. 

A mocidade mudou,
os bailaricos era uma paixão
muitos namoricos se arranjou,
dançando na noite de São João. 

E muita gente se enamorou
em noites de São João,
algum certamente se casou
e outros vivem a recordação. 

Festa é festa e viva o são João
a seguir São Pedro chegará
e vem com as chaves na mão
as portas ele fechará,
mas vem cumprimentar São João. 

Joana R. Rodrigues 



Festas populares 


Estás a chegar São João 
Santo António já acabou
tu que és grande folião,
Santo António já emigrou. 

Baptizas -te no rio Jordão,
tinhas teus dons naturais, 
conhecido por São João
das festas e dos arraiais. 

Teu nome João Baptista
o teu nome tem altruísmo
não só na cidade invicta
vives o povo e o bairrismo. 

São João vou te deixar
vive bem tua folia,
deixa o povo todo brincar
que estão precisando de alegria. 

Joana R. Rodrigues 


Fotografia de Receitas de Portugal


SABORES 


Sabe-me a pouco a cidade! 
Sabe-me a vida demais 
Sabe-me o peito a saudade 
Doutras vidas ancestrais… 

Sabe-me o tempo a fuligem 
Das chaminés do passado 
Sabe-me o rio a vertigem 
De quantos se têm matado… 

Por vezes o Douro sabe 
A aventura, a viagem 
E no coração nem cabe 
A 'sprança que vem n'aragem… 

Sabe-me a dor o Barredo 
Sabe a iscas a Ribeira 
E a Sé, sabe ao degredo 
Duma vida marinheira… 

Sabe o Bonfim ao pousio 
Das terras por semear 
E Lordelo ao bravio 
Dos matos da beira-mar… 

Miragaia sabe à espera 
Do sobe e desce do inverno 
E Ramalde , nesta era 
A poluição, um inferno… 

Vale Formoso, sabe a flor 
Campo Lindo, a oração 
E a Lapa sabe ao penhor 
De D. Pedro, o coração… 

Vestiu de festa a cidade 
Cheira a cidreira e a mosto 
E mesmo em dificuldade 
Traz alegria no rosto… 
Sabe a cascatas velhinhas 
Sardinha pinga no pão 
E ao altar das Fontaínhas 
Em noite de S.João! 

Maria Mamede 


Manjericos do São João na Rua das Flores - Fotografia de Armando Tavares 


SÃO JOÃO 


Santo António foi dormir 
O São João a chegar 
Com manjericos na mão 
E sardinhas para assar. 

Também dá um martelinho 
E alhos porros perfumados 
Para ver muito felizes 
Os casais de namorados. 

Ai meu querido São João 
No Porto és residente 
Tens na mão um manjerico 
Para dares a toda a gente. 

São João pra ver as moças 
Fez uma escada de ouro 
Para as ver lavar a roupa 
Nas margens do Rio Douro. 

Foi comprar um Manjerico 
Na rua das fontainhas 
Para dar às raparigas 
Que ainda estão solteirinhas. 

Levou-as ao bailarico 
E deu-lhe uma ginginha 
Prometeu-lhe noivo rico 
Pra toda a sua vidinha. 

São João quero ir contigo 
Passear pela noitinha 
Sentir a brisa da noite 
Nas asas de uma andorinha. 

Quero sentir o cheirinho 
Da bela sardinha assada 
Na rua das fontainhas 
Até alta madrugada. 

Ver os balões dançarinos 
Presos por fios no ar 
Os pregões vindos dos becos 
E bandas sempre a tocar. 

São João com tua capa 
Perfumada de jasmim 
Ativa a tua memória 
E não te esqueças de mim 

Margarida Fidalgo 


Festa se São João no Porto - fotografia de Armando Tavares


SÃO JOÃO 


São João já foi dormir
Regressou ao seu quartel
Levou para recordar
Beijos de favos de mel. 

Despediu-se com carinho 
De todos que viu passar
E levou um manjerico 
Para o quartel perfumar. 

Também levou na sacola
Uma sardinha assada
Para comer de merenda
Durante a longa caminhada. 

Para o ano voltará
Se Deus o deixar voltar
E eu vou estar à sua espera 
Para o poder abraçar. 

Margarida Fidalgo 




O SÃO JOÃO 


Olha o São João 
Que passa todo emproado
De martelinho na mão
Batendo em todo o lado

Da Sé à Ribeira
Uma autêntica multidão 
Com folia a noite inteira 
É assim a noite de São João 

És o segundo a festejar
As marchas populares
Com foguetes pelos ares
E o povo na rua a bailar

Meu Santo de eleição 
Sou um Portista do coração 
Por ti tenho total devoção 
Viva a noite de São João 

Paulo Gomes 


Imagem - Igreja de Nossa Senhora da Encarnação - São João 


SÃO JOÃO 


São João enfeita a nossa cidade invita
De cores, balões e gente bonita;
Vem pôr a bailar este nosso país.
Que anda cabisbaixo e de nada diz!

Embriaga o Douro de nosso Porto
E leva as damas a passear rabelos,
Pelo mar de Portugal absoluto,
Espelhando as águas de oiros cabelos.

São João não vens tarde demais, não, vens
À hora! Santo António foi e não em vão,
Aos peixes pregou o mar que ainda tens
E a caminho São Pedro de chavão!

® RÓ MAR


SANTOS POPULARES - SÃO PEDRO 




“Homenagem a São Pedro” 


São Pedro com a sua ousada autoridade
Dos ilustres comparsas fez convocatória
E, sem que houvesse uma razão premonitória,
Marcou o seu comício no alto da Cidade. 

- Como sabeis, meus velhos amigos, a idade
Que tenho já não é muito satisfatória,
Pensando bem, e dando a mão à palmatória,
Proponho um franco acordo sem austeridade. 

- Por aqui, caro António, só se topa esbulho
E tu por lá, ó João, com foros de baptista
Asperge de água benta a nossa entrevista
P´ ra que na Invicta ninguém encha o bandulho… 

- Oquei, encerrarei os Palácios de Lisboa, 
E os respectivos inquilinos que se amanhem:
Que façam contas pelos dedos - se os têem -
Pois já mingua a massa e a conversa enjoa. 

- Por mim, farei o mesmo e acaba o falatório
E nunca deixarei que as coisas vão em frente:
Ordenando que dêem tripas a toda a gente
Premiarei cá todo o negócio meritório. 

- Bravo, bravo, eu também já estou de saco cheio
Assinemos o acordo e vamos pr´ eleições
Que não gostamos de perder (nem a feijões)
E o povo entenderá o nosso remedeio. 

E com esta maneira e este combustível
São Pedro conseguiu que os Santos Populares,
Em genuíno acordo de ideias salutares,
Formassem uma Tróica de aura invencível… 

Ah, grande Simão Pedro, és mesmo competente
Tu nunca, como hoje, tiveste tanto apreço
E, já agora, por teres as chaves do sucesso
Fica-te muito bem chefiares a Lusa Gente. 

E se, ademais, houver mister de algum reforço
Junta ao ilustre naipe, um tal de Paulo de Tarso 
Que, além de bom amigo, tem calo e é vivaço
E faz questão de fazer muito com pouco esforço. 

E tu, ó Paulo, que tens fortes influências,
Afina o diapasão em modo estrutural
P´ ra que na Lusa terra - esta aldeia global –
Possam nascer, enfim, algumas inteligências! 

Frassino Machado 




SÃO PEDRO DO TOURAL 


Santuário da minha meninice,
Viagem conjugada com meus pais,
Cidade-berço ornada de latinice
E ao ritual dos sons dominicais.
Horário nobre, em nobre fantasia,
Ouvindo as homilias inacabadas
No despertar do coro e da magia
De belas melodias requentadas. 

As doze badaladas do Toural
Dando notícia ao ite missa est 
Abriam apetite conjuntural
Pr´ à ida ao bom café e ao jornal.
E a acompanhar o lídimo arcipreste
Cavalheiros e madamas, o habitual. 

Só depois os pequenos, aos apelos
Dos vendedores de rua ocasionais,
Trocavam seus gostosos caramelos… 

E, em festejos, e apostas informais,
São Pedro, regateando com desvelos, 
Aviva em nós memórias ancestrais! 

Frassino Machado 




VIVA SÃO PEDRO 


Quero dar vivas a São Pedro
e dele fazer a despedida,
noutros tempos muito me animou
era um festa muito querida.

São Pedro de Sintra uma Freguesia
e na sua igreja me casei,
era onde meu marido residia
e os meus filhos eu baptizei

Não só dos santos populares vou falar
mas desta maravilhosa freguesia que é
a feira saloia que era de encantar,
quem não tinha transporte ia a pé,
e na igreja se ia rezar.

São Pedro o ultimo dos Santos populares
que se despediu de Santo António,
São João brilhou em tantos lugares
São Pedro de chaves na mão vem todos fechar

E para o ano se Deus quiser e os santos ajudarem
voltarão todos para as festas continuarem,

Joana R. Rodrigues 




SÃO PEDRO 


São Pedro meu Padroeiro
Esta noite com Lisboa vamos marchar
Dos Santos Populares és o terceiro
Mas o único com chaves para a festa encerrar

Da Mouraria ao Bairro Alto
Todos querem esta noite bailar
Tanto faz de tênis como de salto alto
Ninguém esta noite se quer ir deitar

Porque tu és o último deste ano
E assim termina este divertimento 
Mas tenho a certeza e nunca me engano
Que todos estão felizes neste momento 

Já diz o ditado muito antigo
Um bom conselho de amigo
Que Pedro nem à porta vê-lo
Mas em nossa casa é bom tê-lo

Eu tenho um que não é Santo nem diabinho
É só meu e convosco não o quero partilhar
Com ele nunca na vida me senti sozinho 
E fico muito feliz ao ouvir a sua viola tocar

Paulo Gomes 


São Pedro Apóstolo - 1º Papa - Simão Pedro 


Ó SÃO PEDRO, 'BEM-AVENTURADO' 


Ó São Pedro, "Bem-Aventurado",
Quero ser teu cordeiro,
Por ti sempre mui amado,
Serei leal e ordeiro.

Bendito sejas Simão,
Das Romas o Rochedo.
Que Cristo abençoou, Pedro,
Da tranca em Santa mão,

Ó Apóstolo do Mar,
Na tua Barca quero navegar,
Mar abundante, sem recear,
Meu Coração alagar.

Ó Magnânima Rocha,
Sou irmã tua, Pescador,
Que o perdão sempre dá ao pecador,
Alumia-me na tua tocha.

És São Pedro, o Primeiro
Santo do Pontificado,
De nome edificado,
Nos Céus o derradeiro.

Teu rebanho irás bem guardar,
Nas Chaves que Jesus concedeu.
É ao teu lado que quero sempre estar,
Privar d' águas que Cristo bebeu.

Os teus Céus quero amar,
Longe das chagas d´um Inferno.
No reino dos discípulos,
Prenúncio de crepúsculos.

A léguas d' um Inverno, Meu Mestre,
Sempre pela Primavera da Vida.
Não aprecio aqueles ares de Cipreste,
Que pressagiam a certa despedida!

Trago pelo Coração,
A tua grande Oração,
Ao peito a Flor de Lis,
Sei que assim sou Feliz.

® RÓ MAR




SÃO PEDRO, O PESCADOR 


Ai, que bela Lisboa 
De varina pela proa,
De Alfama à Madragoa,
Pelo Santo António e São João avoa!

Pela fogueira a pular,
Sem o manjerico poder cheirar;
Nem o casamenteiro,
Pra regar meu canteiro!

Que ave sou de capoeira,
Pelas águas do Tejo provo cachoeira
Fibra de tecedeira,
Quero é a boa brincadeira!

Vamos lá ao arraial pró passo acertar,
Vem aí o São Pedro, o nosso pescador,
Com ele o grande andor,
É a barca do nosso salvador!

Lá vou eu ao bailarico,
Vamos a ver se prenha eu fico,
No treze de Junho do ano que vem,
Vai ser outro vai e vem!

Ai, Santo António, que rica herança,
Eu e mais o meu campónio,
Vai ser uma festança,
Filarmónica, harmónio, dança!

Que regalo, meu São João,
Esvaziar o balão,
Vai ser alegria até mais não
E de chave na mão!

Simão por onde nós andamos!?
A vinte nove ao batismo vamos
De Pedro, o Aventureiro,
Senhor do nosso reino.

® RÓ MAR

Sonetos Do Universo | 2015