C-R-I-A-N-ÇA
Criança
Que tens todos
Os sonhos do mundo
Guardados nesse coração
Imaculado;
Que de nadas
Constróis brincadeiras de gente
Crescida,
Arcadas
De reminiscência;
Que engoles todas as fúrias,
E, na mais pura inocência
Remetes um sorriso
De orelha a orelha;
Consagro-te todos os Direitos
À vida,
Longe de qualquer trapaça,
Dissabores e sofrimentos.
As palavras que sinto e escrevo
Que sirvam de enaltecimento,
Ou, reconhecimento
Do grande ser
Que és.
Pequenina,
Mas, já com uma visão
Tão grande do mundo.
Indefesa,
Tenra,
Mas com toda a vitalidade
Pra’ abraçar
As venturas
E desventuras
Da vida.
Entre o olho
Esbugalhado
E o rosto de cetim,
Se decaí uma lágrima,
O brilho
É tão intenso, o som um vozeirão,
Que a sinto cá no fundo
Do coração.
Tão pequenina
E já com tão grande lida,
Apenas uma menina,
Que ainda acredita
Em contos de fadas.
Ah, Criança
Linda
Que salta e pula airosa
Pelo jardim
E se cresce entre as flores,
Uma graça.
Que escorrega n' areia
Da praia argilosa
E chapinha na água sem parar,
Como se o mar
Fosse seu berço;
Te consagro princesa
Da mãe natureza,
Rainha do universo.
Olho-te como se o mundo
Estivesse todo aqui,
Pequenino,
Mas de valor incalculável.
Não consinto défices ou injúrias,
A tudo tens direito,
Não pediste para nascer,
Apenas pedes para crescer.
Que o teu viver
Seja um pleno
Constante renascer.
Que a areia
E o mar
Te deixem construir todos
Os castelos d' ar,
Os quais te são por direito;
Um azul céu,
Estrelas e muitas certezas,
Que nada te prive de seres
O teu tempo em pleno.
Que o sorriso
Incansável
Esteja sempre
Presente.
Pois gosto de ver
Essas bochechas de felicidade,
Nada de nariz franzino,
Quero-te saudável.
Menina ou menino,
Serás sempre
A que vou acompanhar
Para todo o sempre,
Serei anjo-da-guarda,
Entre os céus e a terra.
No esvoaçar
Pelo teu caminho
Solto as letrinhas de carinho,
Que cobrem esse cantinho
Envergonhado.
Na palma
Da minha mão,
Cresce o tesoiro
Mais puro e lindo,
Serás sempre
Verde oiro.
Hoje e sempre,
Aqui,
Ou, em qualquer lugar,
És
E serás a mais
Linda
Entre outras histórias;
Uma enorme centelha,
Cobiçada por todos,
Não és
De ninguém,
Pomba da natureza;
Sinto orgulho
De poder soletrar,
C-R-I-A-N-Ç-A.
© RÓ MAR