“Homenagem a São Pedro”
São Pedro com a sua ousada autoridade
Dos ilustres comparsas fez convocatória
E, sem que houvesse uma razão premonitória,
Marcou o seu comício no alto da Cidade.
E, sem que houvesse uma razão premonitória,
Marcou o seu comício no alto da Cidade.
- Como sabeis, meus velhos amigos, a idade
Que tenho já não é muito satisfatória,
Pensando bem, e dando a mão à palmatória,
Proponho um franco acordo sem austeridade.
- Por aqui, caro António, só se topa esbulho
E tu por lá, ó João, com foros de baptista
Asperge de água benta a nossa entrevista
P´ ra que na Invicta ninguém encha o bandulho…
- Oquei, encerrarei os Palácios de Lisboa,
E os respectivos inquilinos que se amanhem:
Que façam contas pelos dedos - se os têem -
Pois já mingua a massa e a conversa enjoa.
- Por mim, farei o mesmo e acaba o falatório
E nunca deixarei que as coisas vão em frente:
Ordenando que dêem tripas a toda a gente
Premiarei cá todo o negócio meritório.
- Bravo, bravo, eu também já estou de saco cheio
Assinemos o acordo e vamos pr´ eleições
Que não gostamos de perder (nem a feijões)
E o povo entenderá o nosso remedeio.
E com esta maneira e este combustível
São Pedro conseguiu que os Santos Populares,
Em genuíno acordo de ideias salutares,
Formassem uma Tróica de aura invencível…
Ah, grande Simão Pedro, és mesmo competente
Tu nunca, como hoje, tiveste tanto apreço
E, já agora, por teres as chaves do sucesso
Fica-te muito bem chefiares a Lusa Gente.
E se, ademais, houver mister de algum reforço
Junta ao ilustre naipe, um tal de Paulo de Tarso
Que, além de bom amigo, tem calo e é vivaço
E faz questão de fazer muito com pouco esforço.
E tu, ó Paulo, que tens fortes influências,
Afina o diapasão em modo estrutural
P´ ra que na Lusa terra - esta aldeia global –
Possam nascer, enfim, algumas inteligências!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA