SER, OU NÃO SER, CRIANÇA
Fui ouvindo num tom suave
O vento que soprava,
E depois num tom mais grave
E com o vento rodopiava
Era os ventos de mudança
Ou de bonança talvez...!
Mas senti que o vento de esperança
Se queria mudar de vez,
E foi no embalo do vento
Que o tempo foi passando vezes sem conta
E na esperança foi remexendo
Mas esqueceu-se de ser criança
Quando o vento de mudança regressou
Não havia mais aquela criança,
Porque o tom grave do vento a assustou
Depressa se fez mulher, e com o tom suave do vento
Tudo mudou, e ela ficou à espera de esperança...
Os filhos que no seu ventre gerou
Eram tempos de bonança, o vento a procurou
Mas se esqueceu de trazer a esperança,
O vento mudou, mas ela não voltou a ser criança.
Joana R. Rodrigues